sábado, julho 07, 2007

Tritezas




Tristezas
Quase todas as nossas tristezas são, acredito, estados de tensão que experimentamos como que tolhidos, assustados por já não nos sentirmos viver. Estamos sós com esse desconhecido que penetrou em nós, privados de tudo aquilo a que estávamos habituados a nos confiar.
... O desconhecido uniu-se a nós, penetrou no âmago do nosso coração, pois se mesclou ao nosso sangue e ignoramos o que passou. Seria fácil fazerem-no crer que não passou nada. E, todavia, eis-nos transformados em uma casa pela presença de um hóspede.
...Esse instante aparentemente oco, esse instante de tensão em que o futuro nos penetra, está infinitamente mais próximo da existência do que aqueles outros instantes que se nos impõe do exterior, em pleno tumulto e como que por acaso. Quanto mais silenciosos, pacientes e recolhidos formos nas nossas melancolias, de forma mais eficaz penetrará em nós. O desconhecido é o nosso bem.
(Rilke, "Cartas a um Jovem Poeta".)
A tristeza é uma porta fechada, sem trancas, pois que a fechadura está conosco.
Nise

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