segunda-feira, julho 09, 2007

Escolha

Escolha



Elisa Lucinda




Eu te amo como um colibri resistente incansável beija-flor que sou

batedora renitente de asas

viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto.

Pingas na minha boca umas gotas poucas

do que nem é uma vacina.



Eu uma mulher, uma ave, uma menina

Assim chacinas o meu tempo de eremita:

quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
as que vestiram meus pés

quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo

diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas

os terríveis desabraçosos dolorosos desencaixes

que meu corpo sofreu longe do seu.

Elejo sempre o encontro

Ele é o ponto do crochê.

Penélope invertida

nada começo de novo

nada desmancho

nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno

a cada olhar seu de afeto

não ligo para nada que doeu.

Só para o que deixou de doer tenho olhos.

Cega do infortúnio

pesco os peixes dos nossos encaixes

pesco as gozadas

as confissões de amor

as palavras fundas de prazer

as esculturas astecas que nos fixam

na história dos dias

Eu te amo

.De todos os nossos montes

fico com as encostas

De todas as nossas indagações

fico com as respostas

De todas as nossas destilairias

fico com as alegrias

De todos os nossos natais

fico com as bonecas

De todos os nossos cardumes

as moquecas.

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