terça-feira, julho 10, 2007

Fado


Não sei, não sabe ninguém

Por que canto o fado

Neste tom magoado

De dor e de pranto

E neste tormento

Todo o sofrimento

Eu sinto que a alma

Cá dentro se acalma

Nos versos que canto

Foi Deus

Que deu luz aos olhos

Perfumou as rosas

Deu oiro ao sol

E prata ao luar

Foi Deus que me pôs no peito

Um rosário de penas

Que vou desfiando

E choro a cantar

E pôs as estrelas no céu

E fez o espaço sem fim

Deu o luto às andorinhas

Ai, e deu-me esta voz a mim

Se canto

Não sei o que canto

Misto de ventura

Saudade ternura

E talvez amor

Mas sei que cantando

Sinto o mesmo quando

Se tem um desgosto

E o pranto no rosto

Nos deixa melhor

Foi Deus

Que deu voz ao vento

Luz ao firmamento

E deu o azul às ondas do mar

Foi Deus

Que me pôs no peito

Um rosário de penas

Que vou desfiando

E choro a cantar

Fez poeta o rouxinol

Pôs no campo o alecrim

Deu as flores à primavera

Ai, e deu-me esta voz a mim



(Foi Deus - Alberto Janes)


Fado que te quero tanto, fado acalentando pranto!

Nise

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