sexta-feira, julho 13, 2007

Meu coração é um albergue...




Eu adoro todas as coisas


E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.


Tenho pela vida um interesse ávido


Que busca compreendê-la sentindo-a muito.


Amo tudo, animo tudo, empresto humildade a tudo,


Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,


Para aumentar com isso minha personalidade.




Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio


E a minha ambição era trazer o universo ao colo


Como uma criança a quem a ama beija.


Eu amo a todas as coisas, umas mais que as outras,


Não nehuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo


Do as que vi ou verei


Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.


A vida é uma grande feira e tudo são barracos e saltimbancos.


Penso nisso, enterneço-me mas não sossego nunca.



Dá-me lírios, lírios

E rosas também.


Dá-me rosas, rosas,

E lírios também,


Crisântemos, dálias,

Violetas e os girassóis


Acima de todas as flôres...



Deita-me às mancheias,

Por cima da alma,

Dá-me rosas, rosas

E lírios também...


Meu coração chora

Na sombra dos parques,

Não tem quem o console,

Verdadeiramente,

Exceto a própria sombra dos parques

Entrando-me na alma,

Através do pranto.

Dá-me rosas, rosas,

E lírios também...



Minha dor é velha

Como um frasco de essência, cheio de pó.


Fernando Pessoa



"...minha dor é velha/como um frasco de essência cheio de pó."

Mas renovadas, sempre diferentes , intercaladas por riso , ternura. Senão como sobreviveria eu?

Não sou de ferro não...muito menos meu coração.

Nise.

São Gabriel, 14 de julho de 2007.

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