sábado, março 29, 2008

Queria ser




Poesia

Se todo o ser ao vento abandonamos


E sem medo nem dó nos destruímos,


Se morremos em tudo o que sentimos


E podemos cantar, é porque estamos


Nus em sangue, embalando a própria dor


Em frente às madrugadas do amor.


Quando a manhã brilhar refloriremos


E a alma possuirá esse esplendor


Prometido nas formas que perdemos.




Sophia de Mello Brener

quarta-feira, março 26, 2008

Serra da Boa Esperança




Serra da Boa Esperança


Lamartine Babo




Esperança que encerra


no coração do Brasil


um punhado de terra


No coração de quem vai...


No coração de quem vem...


Serra da Boa Esperança ,


meu último bem.






Parto levando saudades


Saudades deixando


Murchas caídas na serra


Lá perto de Deus


Oh, minha serra


eis a hora do adeus


vou me embora


deixo a luz do olhar


No teu luar


Adeus






Levo na minha cantiga


a imagem da serra


sei que Jesus não castiga


um poeta que erra






Nós os poetas erramos,


porque rimamos também


pois nossos olhos nos olhos


de algum que não vem






Serra da Boa Esperança,


não tenhas receio


Hei de guardar tua imagem


lá perto de Deus


Oh minha serra


eis a hora do adeus


vou me embora


Deixo a luz do olhar


no teu luar


Adeus


Adeus


Adeus









E elas moravam numa casinha , numa serra de flores e pedras,habitavam a casa do pai, trilhas de amor por toda serra, por favor meninas, esperem por mim.
Só sei pedir, pouco dar...mas esperem , sim?
São Gabriel, 27 de março de 2008.










terça-feira, março 18, 2008

Pedro


Pedro é nome forte


escolhido com precisão

para um menino bonito


todo , todo coração.

Laura

Bonita, bonita, menina minha

Menina linda

deixa teu coração cantar

e por favor,

também não me deixes de amar.



Tia Ivanise

Flora

Linda, linda...minha bela!


Bela, bela...alma linda!

Mais uma vez te pedir, nunca deixes de me amar.


Tia
Posted by Picasa

segunda-feira, março 17, 2008

Sem palavras


Tiago

Aqui te amo




Aquí te amo.


En los oscuros pinos se desenreda el viento.


Fosforece la luna sobre las aguas errantes.


Andan días iguales persiguiéndose.
Se desciñe la niebla en danzantes figuras.


Una gaviota de plata se descuelga del ocaso.


A veces una vela.


Altas, altas estrellas.
O la cruz negra de un barco.


Solo.


A veces amanezco, y hasta mi alma está húmeda.


Suena, resuena el mar lejano.


Este es un puerto.


Aquí te amo.
Aquí te amo y en vano te oculta el horizonte.


Te estoy amando aún entre estas frías cosas.


A veces van mis besos en esos barcos graves,que corren por el mar hacia donde no llegan.
Ya me veo olvidado como estas viejas anclas.


Son más tristes los muelles cuando atraca la tarde


.Se fatiga mi vida inútilmente hambrienta.


Amo lo que no tengo.


Estás tú tan distante.
Mi hastío forcejea con los lentos crepúsculos.


Pero la noche llega y comienza a cantarme.


La luna hace girar su rodaje de sueño.
Me miran con tus ojos las estrellas más grandes.


Y como yo te amo, los pinos en el viento, quieren cantar tu nombre con sus hojas de alambre.

Pablo Neruda

sexta-feira, março 14, 2008

Pablo Neruda no dia da Poesia


Quero saber


Quero saber se você vem comigo

a não andar e não falar,

quero saber se ao fim alcançaremos

a incomunicação; por fim

ir com alguém a ver o ar puro,

a luz listrada do mar de cada dia

ou um objeto terrestre

e não ter nada que trocar

por fim, não introduzir mercadorias

como o faziam os colonizador

estrocando baralhinhos por silêncio.

Pago eu aqui por teu silêncio.

De acordo, eu te dou o meu

com uma condição:

não nos compreender

Pablo Neruda

(Últimos Sonetos)

Dia da Poesia


Esperemos

Há outros dias que não têm chegado ainda,

que estão fazendo-secomo o pão ou as cadeiras ou o produto

das farmácias ou das oficinas-

há fábricas de dias que virão -

existem artesãos da alma

que levantam e pesam e preparam

certos dias amargos ou preciosos

que de repente chegam à porta

para premiar-nos

com uma laranja

ou assassinar-nos de imediato.



Pablo Neruda

(Últimos Sonetos)