quinta-feira, julho 13, 2006

Oceano


Não vejo o mar, tampouco barcos, muito menos marinheiros na despedida de quem sabe, a última viagem, ou felizmente a última despedida.
Não vejo o mar faz muito tempo. Não sinto a água fria, a batida repetida e nem por isso incomodativa, um prazer, as ondas, uma carícia, fustigada, mas carícia.
Não cheiro o mar. O vento não me arrepia a pele, não sacode meus cabelos, não levanta areia, passa tão longe, perdi do vento o toque.
Há uma saudade quase depressiva nestas lembranças do que quero. Depressão não é. Não acredito nela.
Acredito na saudade, no sentir o que já foi numa viagem pra alma, no desejar o que nunca terei num mergulho do que penso que sou.
Olho a gravura, desejo o abraço.
Recordo o mar, pretendo oceano.
Vejo a janela fechada, preciso paz.
Não abra a janela, o escuro me atrai, o silêncio me embala, não ser está bom demais.

sábado, julho 08, 2006

Volta

Saio a te buscar.Caminho ruas esquecidas, transito o conhecido tão desconhecido, incógnita de mim.
Olho o jardim alheio, secou meu jardim.
Nos olhos de quem vejo, nada vejo.Cegos olhos meus.
Saio a te buscar porque te sei perdido.
Ponho anúncio nos jornais:Volta que te dou colo, uma cantiga,muitas carícias, te restituo a esperança, mando embora a dor.
No meio de tantos ruídos, gente trabalhando, crianças na lida de brincar, tento que me ouças e voltes.
Saio e te busco.Se te encontro, cuido tanto de ti.
Prometo.
Volta pois, que ainda faço valer .
A cantiga mais terna, embalo teu sonho, desperto teu sono,volto contigo.
Finalmente.
Para sempre.
Tu e eu.
Refaço os canteiros, replantos as flores, arrumo o ninho, canta passarinho, volta meu coração.