quinta-feira, julho 13, 2006

Oceano


Não vejo o mar, tampouco barcos, muito menos marinheiros na despedida de quem sabe, a última viagem, ou felizmente a última despedida.
Não vejo o mar faz muito tempo. Não sinto a água fria, a batida repetida e nem por isso incomodativa, um prazer, as ondas, uma carícia, fustigada, mas carícia.
Não cheiro o mar. O vento não me arrepia a pele, não sacode meus cabelos, não levanta areia, passa tão longe, perdi do vento o toque.
Há uma saudade quase depressiva nestas lembranças do que quero. Depressão não é. Não acredito nela.
Acredito na saudade, no sentir o que já foi numa viagem pra alma, no desejar o que nunca terei num mergulho do que penso que sou.
Olho a gravura, desejo o abraço.
Recordo o mar, pretendo oceano.
Vejo a janela fechada, preciso paz.
Não abra a janela, o escuro me atrai, o silêncio me embala, não ser está bom demais.

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