terça-feira, maio 30, 2006

Perfume de Flores Perdido


Perfume de Flores Perdido

Marília Kubota

Certo, seus olhos guardam
uma vela menor
dentro de velas que derreteram
enquanto os santos partiram em férias
Certo, o rancor é uma flor cultivada em concha como pérola
Mergulhadores saltam para o abismo
tateando sais
que fustigam a sede no mar profundo
Ostras devoram os membros
indecisos
Certo.
Deixe seus pés seguirem o perfume
sem perguntar
Onde.

Para meu amor, Bruno, que além de espiar, cuida de meu coração

Chove muito.
Foi longa demais a estiagem.
A terra, banha-se.
A natureza, festa. Eu observo.
A casa protege-me de um mau tempo tão bom.
Acenderei a lareira, escutarei a chuva, beberei café.
Tudo parece tão trivial.
Escuto os trovões, relâmpagos espiam por minha janela.
Oi, vem cá, chove chuva, troveja tempo, espia meu coração.

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