sexta-feira, abril 21, 2006

Flôres Murchas


"Flôres Murchas

Pálidas crianças
Mal desabrochadas
Na manhã da vida!
Tristes asiladas
Que pendeis cansadas
Como flôres murchas!

Pálidas meninas
Sem amor de mãe,
Pálidas meninas
Uniformizadas,
quem vos arrancara
Dessas vestes tristes
Onde a caridade vos amortalhou!

Ai quem vos dissera,
Ai quem vos gritara:
- Anjos debandai!

Mas ninguém vos diz
Ninguém vos dá
mais que o olhar de pena
Quando desfilais,
Açucenas murchas
Procissão de sombras!

Ao cair da tarde
Vós me recordais
- Ó meninas tristes!-
Minhas esperanças!
Minhas esperanças
-meninas cansadas,
Pálidas crianças
A quem ninguém diz:
-Anjos, debandai! "


Manuel Bandeira.



Muitas vezes os anjos chamam.E, aos gritos.
A vontade de viver, esperança de mudanças é muito maior.
Gritai ó anjos, sacudi o corpo, rasgai as vestes, contai.
Que a poesia tarda a chegar, que a falta é permanente.
É preciso mais do que coragem para sobreviver.
É preciso "anjos". Ser os próprios.
Por isso mesmo..."Anjos , debandai!"
Nise


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