sexta-feira, março 24, 2006

Orfandade


Orfandade

A menina de preto ficou morando atrás do tempo,
sentada no banco, debaixo da árvore,
recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido,
e parou diante dela, e ela sem que ninguém falasse,
murmurou: " A mamãe morreu."

Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.
O olhar caiu dos seus olhos , e está no chão com as outras pedras,
escutando na terra aquele dia que não dorme
com as três palavras que ficaram por ali.
Cecília Meireles


É assim de muito repente que chega essa certeza de menina .
Nunca te tive.
Nunca que tenha lembrança.
Dói.
Quero.
Sigo.
Preciso ser inteira.
Junto das lembranças que me contam todos os pedaços.
É assim que tenho te levado comigo, quem sabe assim
me levas contigo.

Nise (ou tua boneca)

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