terça-feira, janeiro 05, 2010

Barganha


E lá se foi mais um ano, mais sonhos não realizados, por vezes nem sonhados.
Vou ao mercado.Há restos do Natal e do Ano Novo.
No olhar apagado, no andar cansado, um jeito tão desanimado!!!
E eu olho apagadamente, caminho cansadamente , desanimadamente estou.
Mas, irritada ,conscientemente frustrada dos anseios que penso, perdi, vejo no carrinho , na fila , na minha frente uma mulher e sua filha.
Uma menininha de sete, oito anos.As observo.São uma.São amorosamente uma da outra.E entao, uma tontura, um mal estar nas vísceras, um indescritível aperto no coração exausto de esperar.
Desaparece a monotonia explícita e aceita, revivo.
E peço ao tempo um instante só daqueles com minha menina.
Ofereço ao tempo um tempo de minha vida.
Suplico ao tempo surdo uma barganha.
Envergonhada,  sugiro medrosa , tímida e sabendo da inflexibilidade do tempo, minha vida por esse minuto.
Com ela, minha menina dos cachos dourados.
O tempo me devolve lembranças e impiedosamente, me vê chorar.

São Gabriel, 5 de janeiro de 2010.

Um comentário:

Flora Valls disse...

Feliz ano novo, tia. Não chore! Eu te amo, nós te amamos. SEMPRE.

Um beijo. Qualquer coisa que precisar, tu sabe onde me encontrar.