quarta-feira, maio 28, 2008

Chuva da Lembrança


Volto contigo à terra da ilusão,

mas o lar de meus pais,

levou-o o vento

e se levou a pedra dos umbrais

o resto é esquecimento:

procurar o amor neste deserto

onde tudo me ensina a viver só

e a água do teu nome se desfaz em sílabas de pó

é procurar a morte apenas,

o perfume daquelas longínquas acuçenas

abertas sobre o mundo como estrelas:

despenhar no meu sono de criança

inutilmente a chuva da lembrança.


Carlos de Oliveira (1921/1981)

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