segunda-feira, dezembro 24, 2007

Socialismo


Poemeu de Natal


Reflorestamento


Millôr Fernandes



No Rio a gente sensata

Lutou por uma figueira

Mas não vi um democrata

Sair de sua banheira

Pra ver a causa mortal

Da árvore de Natal.

Dava bolas, não se lembram?

Dava velas multicores

Que iluminavam, na sala,

Uma breve noite sem dores.

Ainda existem, mas poucas;

Foram sendo destruídas

Pelo atrito entre as vidas

Foram sendo desprezadas

Pelas relações iradas.

E além disso, que má fé,

Eram banhadas apenas

Com lágrimas de jacaré.

Embora, entrando pelo tubo,

O povo, a todo momento,

Não lhe poupasse adubo;

Bosta de ressentimento.

Mas será que interessa

Em nome de uns inocentes

Crescer árvores inventadas

Pela imaginação das gentes

Sem utilidade prática

Frutificando presentes(Que brotavam das raízes)

Só pra pessoas felizes?

;Nunca vi martelo ou pua

Ou uma colher de pedreiro

Frutificar nessa árvore

Fosfatada com dinheiro.

Era uma coisa maldita

Pois a praga da aflição

Crescia mais do que ela

E sem darmos atenção

Foram-se acabando as mudas

Não houve renovação

E cercada de fome e medo

Morreu toda a plantação.

Pode ser, eu não sei não,

Pois há ainda outra versão;

Ante a violência urbana

A árvore ficou tristonha

E como não era humana

Morreu mesmo é de vergonha.

Contudo, sou da esperança,

Do "quem espera sempre alcança

"E por isso deixo aqui

Meu voto de confiança

O meu apelo final

À árvore de Natal

:Mais popular, mais comum,

Quero ver-te renascer

Para que, em oitenta e um,

Possam os pobres te comer.
Para todos meus amigos, em especial meu amor , que ainda acreditam num mundo mais justo.

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