Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humildade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso minha personalidade.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo a todas as coisas, umas mais que as outras,
Não nehuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do as que vi ou verei
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracos e saltimbancos.
Penso nisso, enterneço-me mas não sossego nunca.
Dá-me lírios, lírios
E rosas também.
Dá-me rosas, rosas,
E lírios também,
Crisântemos, dálias,
Violetas e os girassóis
Acima de todas as flôres...
Deita-me às mancheias,
Por cima da alma,
Dá-me rosas, rosas
E lírios também...
Meu coração chora
Na sombra dos parques,
Não tem quem o console,
Verdadeiramente,
Exceto a própria sombra dos parques
Entrando-me na alma,
Através do pranto.
Dá-me rosas, rosas,
E lírios também...
Minha dor é velha
Como um frasco de essência, cheio de pó.
Fernando Pessoa
"...minha dor é velha/como um frasco de essência cheio de pó."
Mas renovadas, sempre diferentes , intercaladas por riso , ternura. Senão como sobreviveria eu?
Não sou de ferro não...muito menos meu coração.
Nise.
São Gabriel, 14 de julho de 2007.
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