sábado, abril 26, 2008

Netuno


No meio da noite, sózinho , nadas em teu pequeno aquário.
Acordo, tenho dores, te invejo Netuno, protegido de tudo, até de mim.
Nise
São Gabriel, 27 de abril de 2008.

sábado, abril 19, 2008

Sempre Neruda


Hay dos maneras de refutar a Neruda:

una es no leyéndolo,

la otra es leyéndolode mala fe.

Yo he practicado ambas,pero ninguna me dio resultado.
Nicanor Parra

Troca


Um caderno em branco,
Vazio.
Um coração vermelho,
Cheio.
Agora é fazer uma troca
Esvaziar um pouco o coração
Preencher um muito do caderno.
Mas ...haja caderno, coração sobra.
Nise
São Gabriel,19 de abril de 2008

Bloqueio


A ignorância bloqueia meu nome em tua página de recados instantâneos.
Mente, falseia, maneia ...
A ignorância fede. De medo.
Porque não conhece o real, vive na tresloucada esperança de " se arrumar".
Coitada dessa ignorância, siquer tem conhecimento, o perfume da flor , que é saber amar, preservar, nada esperar, apenas desejar o melhor, ser humana.
Nise
São Gabriel,19 de abril de 2008

segunda-feira, abril 14, 2008

Jorge Luis Borges


Ya no es mágico el mundo.

Te han dejado.

Ya no compartirás la clara lunani los lentos jardines.

Ya no hay unaluna que no sea espejo del pasado,
cristal de soledad, sol de agonías.

Adiós las mutuas manos y las sienes

que acercaba el amor.

Hoy sólo tienes

la fiel memoria y los desiertos días.
Nadie pierde (repites vanamente)

sino lo que no tiene y no ha tenido

nunca, pero no basta ser valiente.

quinta-feira, abril 10, 2008

Verde



A casinha é rosa, as rosas , cor de rosa...Um verde de esperança no quadro esquadro, porta chaves do nada.
Nise Toledo
São Gabriel, 27 de abril de 2008

terça-feira, abril 08, 2008

Finito.

... daí parei e pensei , na finitude das coisas, das gentes, dos amores, dos bens, dos não bens, dos desejos, dos encantos, dos pesares apesar de...e pensei, pensei tanto de cansar :porque finito tudo ainda restas em mim, tão vivo, tão distante , se tão perto? Ah, se te guardo não findas, se permaneces, vives e eu morro .


Nise



São Gabriel, 8 de abril de 2008.
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sábado, abril 05, 2008

Pão


Farinha, água, fermento, manteiga, açúcar e sal...
Misturando ingredientes, sovando a massa, somando amor.
E, Pão.
Terapia prática, que só o tempo ensina, a vida oferece, recebe quem vê, come o que tem fome.
Nise
São Gabriel, 5-4-08

Mario Quintana


Canção de muito longe

Foi-por-cau-sa-do-bar-quei-ro
E todas as noites, sob o velho céu arqueado de bugigangas,
A mesma canção jubilosa se erguia.
A canoooa
virou
Quem fez ela
virar? uma voz perguntava.
Os luares extáticos...
A noite parada...
Foi por causa do barqueiro,
Que não soube remar.
Eu te encontro em cada olhar, eu te vejo em todo gesto, eu te abraço e abraço a menina que despertas com teu chegar.
Vovó Nise

Amor é bicho instruído.



Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, abril 03, 2008

Caminhar demanda tempo.


Caminhar demanda tempo

“No es igual quién anda e quién camina”. Lembro-me desse verso de Joan Manoel Serrat porque tenho caminhado pouco. Andado muito, que o mundo exige. E quem não caminha, apenas olha. Ver que é bom, ver a alma de tudo pouco acontece. O olhar torna-se superficial, e quem vê a superfície não consegue atravessar as verdades prontas, os clichês, aquilo que se cristaliza como acabado. Acredito que o mundo está como está porque passamos a nos contentar com a superfície enganosa de tudo. O cerne é duro demais para nossas bocas banguelas. O que está embaixo, sob, dentro é difícil demais para nosso cérebro pequeno.Mesmo esta crônica está sendo feita com essa pressa que tanto condeno. Se eu pudesse não a escreveria, pois sinto que está me faltando ver e caminhar com mais precisão, com mais empenho nos detalhes. Por outro lado, quantos estão agora realmente lendo essas palavras e não apenas passando os olhos, vendo as fotos, enquanto engolem o café, ou algo parecido?Sei que essa é a ladainha moderna, falta tempo, falta tempo. Todos, ou quase todos, nos transformamos naquele coelho de “Alice no País das Maravilhas”. O que fazer? Como nos tornarmos pessoas menos aceleradas, mais comprometidas com a simplicidade, com o vagar sereno das coisas?No mundo que nos cerca, o que grita mais forte é o humano. As vacas, os cachorros, as árvores, as formigas e abelhas continuam as mesmas. Só o humano grita apressado, seja dentro de seus automóveis blindados, seja fora deles, seja por inveja, seja por indiferença, até mesmo por amor. Todos estamos gritando, pois nos foi tirado o caminhar acompanhado do silêncio. Aliás, o silêncio virou uma tortura. Falta-nos tanto o caminhar pleno, lento, vazio até. Aquele caminhar receptador, capaz de vislumbrar detalhes ínfimos, sementes de poesia, levezas instantâneas que passam despercebidas. Ora, isso é neurose de poeta, poderão dizer. Poetas é que ficam vendo beleza em tudo. E eu digo: pena que só restaram poetas e mais alguns tortos humanos para vislumbrar belezas. Só que até esses, ainda capazes de um caminhar real, desprovido de pressa e objetivo, até esses estão fisgados pela modernidade e seu rastelo feroz, que a todos arrasta.Já que ando lendo (mesmo sem tempo) alguns poetas latinos, apóio-me em Mario Benedetti e na voz dele também clamo: “Preciso tempo (...) tempo para olhar uma árvore, um farol / para andar pelo fio do descanso / para pensar que bom hoje não é inverno / para morrer um pouco / e nascer em seguida / e para me dar conta / e para me dar corda / preciso tempo o necessário para / chafurdar umas horas na vida (...).”

Rubens da Cunha