sexta-feira, setembro 28, 2007

Movediço


Sou antigo e
movediço
como o mangue.
Não sei
como não enlouqueci aos 16.
Ainda tenho formas
para destruir este quarto
este corpo os postes
da rua-
Mas não posso
morrer não posso
NÃO ASSIM
MARAVILHADO.
Fabrício Corsaletti

Estações


Um dia alguém vai ouvir
Esta brisa que ouço agora:
Verga os galhos do plátano
Lava das mãos esta folha.
Rodrigo Petrônio
E sinto e pressinto que o tempo é exíguo para todos os sonhos.
Apresso o passo, estico os os braços, alongo o olhar.
Sossego o coração que inquieto me pressiona na angústia necessidade de saber onde finalmente lhe darei repouso no mais prometido e belo anseio.
Nise
São Gabriel, 28 de setembro de 2007.

terça-feira, setembro 25, 2007


NO HOSPITAL



Morrer é como esquecer

o horário de verão à mesa.

Perder os sentidos

enquanto lá fora

há um rosto de criança

exposto ao sol.

Um suicida pondo vírgulas no bilhete.



Dailor Varela

segunda-feira, setembro 24, 2007

Propósito


Viver pouco mas
viver muito
Ser todo o pensamento
Toda a esperança
Toda a angústia- mas ser
Nunca morrer
enquanto viver.
Eunice Arruda

sábado, setembro 15, 2007

Noite

E eu,

que amava a noite

que vivia à noite

que por ela ansiava

namorada e enamorada

esperava.


E eu,
que na noite
te encontrava,
encontro o desencontro


Que na noite amava
conheço o desamor
mil vezes classificada
em forma de dor.


E eu,
que a noite amava
apesar de
e porque
ainda espero a noite.




Nise
São Gabriel, 15 de setembro de 2007.


segunda-feira, setembro 10, 2007

Marcha Soldado...


Marcha soldado,
cabeça de papel...
Bambalalão...
senhor capitão...
E , te ver assim tão lindo, os cachos castanhos, moldura de teu rosto perfeito e mimoso, faz meu coração bater mais alto do que o "bumbo" da banda, meus olhos brilharem mais do que os fogos, minha vida valer muito mais por ti, meu menino amado Caetano.
Vovó Nise
São Gabriel, 10 de setembro de 2007.

terça-feira, setembro 04, 2007

Motivo da Rosa


5. Motivo da Rosa
Antes de teu olhar, não era
nem será depois, - primavera.
Pois vivemos do que perdura,
não do que fomos. Desse acaso
do que foi visto e amado:- o prazo
do Criador na criatura...
Não sou eu, mas sim o perfume
que em ti me conserva, e resume
o resto, que as horas consomem.
Mas não chores, que no meu dia,
há mais sonho e sabedoria
que nos vagos séculos do homem.
Cecília Meireles

sábado, setembro 01, 2007

A mulher olha o fogo


A mulher olha o fogo

É verdade, é uma luta

ou um drama

O vento sopra,

o braseiro
avança

Até que toda a lenha

vira brasa

mas o vento sempre

ainda sopra

Espera as brasas vivas
virarem cinza

embora o braseiro

resista ainda

A cada vassourada

do vento

o braseiro acende

e diz venci,

Cada vez mais fraco

o braseiro se apaga

Venci, venci... –

e o vento

parece que ri

Lembram muita gente

que conheci

Os que ardem morrendo

e os que sempre ventam




Mas aprendi a manter

no peito
as brasas vivas

contra todo vento

e engulo as cinzas



Do blog Sítio Terra Vermelha Domingos Pellegrini
Um poeta, esse senhor, graças dou por mais um , por tantos que ainda desconheço. Vê? Basta-me um pouco de poesia e já reviso decisões supostamente inabaláveis.
Nise
São Gabriel,1 de setembro de 2007.

Paz


Quero luz de abajour,
quero silêncio de noite invernal
quero algodão nos lençóis,
esquecimento total.
Quero a paz da morte.
Paz, morte.
Morte, muita paz.
Quero enfim, deixar de ser,
de pensar, de amar.
Coloca-me no lixo bem cavado.
Sem chance nenhuma de voltar.
Cava, mata-me, enterra-me.
E não é depressão, é finalmente viajar olhando o caminho.
E, se é mesmo sem volta, dá-me a paz.
Definitiva e abençoada paz.
Nise
São Gabriel, 1 de setembro de 2007.